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quinta-feira, 5 de março de 2015

VISÃO

Para estudarmos a visão do cavalo, precisamos observar a figura abaixo.


O cavalo possui uma visão monocular, 360 ⁰. Os olhos do cavalo são posicionados em ambos os lados da cabeça. Sua visão panorâmica é monocular (Apenas um dos olhos por vez), permitindo a visão nos dois lados ao mesmo tempo.

A visão binocular (dois olhos) é para baixo na direção do focinho e não a sua frente.
O cavalo tem um ponto cego a frente de sua testa. 

Estando pastando sua visão é direcionada para o chão a sua frente e estando relaxado, sua visão monocular estará ativa. Se algo chamar a sua atenção, irá levantar a cabeça para utilizar sua visão binocular.

OBS 1: Nós já vimos algumas vezes que se um objeto estiver em sua visão lateral, o cavalo vai levantar a cabeça e, muitas das vezes, vira o corpo inteiro para olhar.
Ter olhos grandes é uma vantagem, permitindo que perceba o mínimo movimento.

OBS 2: Quando ele vê um objeto estranho a sua frente, imediatamente levanta a sua cabeça e posiciona as orelhas para frente, desta forma, olha na direção do focinho usando a visão binocular.
Pesquisas recentes descobriram que o ponto cego a sua frente é aproximadamente da largura de seu corpo.
Um cavalo reunido depende exclusivamente do cavaleiro para saber onde ir, uma vez que está trabalhando praticamente às cegas.

VISÃO NOTURNA

Cavalos são animais diurnos, tendo dificuldade de ajustar seus olhos rapidamente no escuro, o que explica o por que algumas vezes recusam a entrar ou passar em lugares de pouca luz ou escuros.

A visão do cavalo para cores é limitada. Os olhos contem células sensíveis a luz. Existem dois tipos de células, bastonetes e cones. Humanos possuem três tipos de cones que permite ver todas as cores. Os cavalos só possuem dois tipos de cones que diminui a sua capacidade de ver cores.

Devemos ter em mente que os olhos nos falam sobre o seu emocional, evidenciando seu comportamento em determinados momentos deixando muito claro o seu estado nos permitindo agir e maneja-lo adequadamente e com segurança para ambos. Homem e Cavalo.

Roger Clark

Medico Veterinario 
CRMV-SC 3764
COMPORTAMENTO ANIMAL – OS SENTIDOS DOS EQUINOS.

Vamos estudar sobre os sentidos dos equinos para um melhor entendimento do comportamento, suas reações e seu BEM ESTAR. Os temas serão abordados separadamente para uma eficiente compreensão.
Através dos sentidos podemos observar o comportamento dos cavalos, uma vez que, cada um dos sentidos poderemos avaliar cada animal em especial e com isso traçar um diagnóstico de seu estado e a sua condição de BEM ESTAR.
A espécie equina apresenta cinco sentidos a saber: OLFATO; VISÃO; TATO; PALADAR; AUDIÇÃO.
Os sentidos dos cavalos são muito mais desenvolvidos em relação a espécie humana, o que é provado cientificamente.

OLFATO

Muito desenvolvido no cavalo, capazes de perceber odores por mais suaves que sejam. A comida, por exemplo, é selecionada pelo cheiro e depois pelo paladar.
Qualquer produto de odor indesejável no meio de sua ração, normalmente é rejeitado.
O Olfato, tem importância nas relações sociais, na identificação de indivíduos e permitindo sua aproximação.
O garanhão percebe a presença das éguas, mesmo estando longe e principalmente quando estas estão no estro (cio).

Existe a chamada REAÇÃO DE FLEHMEN, onde se percebe determinadas substancias levando a excitação do reprodutor, percebidas através do órgão VÔMERO-NASAL.



Pelo cheiro o cavalo reconhece seu tratador e podemos considerar o OLFATO como o mais primitivo dos sentidos.

Roger Clark
Médico Veterinário
CRMV-SC 3764

domingo, 1 de março de 2015

COMPORTAMENTO DOS EQUINOS

Dentre os animais o Equus Caballus tem tido um destaque mundial em estudos de comportamento, talvez por ser a única espécie que promove a perfeita interação do trinômio: HOMEM / ANIMAL / AMBIENTE.
O cavalo é um animal extremamente sociável e talvez seja a espécie que mais tenha apresentado adaptações comportamentais após o primeiro contato com o homem e até hoje necessita de métodos específicos para se deixar montar, chamado DOMA.
O aprendizado do cavalo se da através de repetição dos estímulos ou exercícios que vão influenciar por toda sua vida.
Os cavalos se comunicam por sinais e possuem uma sensibilidade muito apurada possuindo excelente acuidade visual, bom olfato, sensibilidade ao tato, ótima gustação e uma enorme capacidade auditiva que abordaremos mais adiante.
Quanto a percepção extra-sensorial, basta observar em seus hábitos, como por exemplo quando se aproxima seu tratador, quando se nega a passar em determinados locais ou iminência de perigo, refugando.
Os eqüinos se comunicam pelas orelhas, narinas, cauda, olhos, cabeça e membros o que nos permite exemplificar quando se encontra trabalhando no redondel na guia, geralmente posiciona a orelha de dentro para o circulo em direção ao treinador e a orelha de fora fica alternando sua posição. Isto é sinal que está trabalhando atento e concentrado.
Desta forma devemos conhecer a sua natureza e personalidade para melhor entende-los e ao seu comportamento.
Toda atenção deve ser dada quanto ao seu manejo, procurando sempre a maior naturalidade possível para uma vida saudável.
Seja o cavalo de lazer, de trabalho ou de esporte, mantê-lo bem nutrido, com as condições sanitárias adequadas, baixo nível de estresse, instalações adequadas e se possível permitir o maior tempo possível em liberdade.

A IMPORTÂNCIA DA LIBERDADE

Ao ser confinado, suas atitudes naturais são suprimidas, o que pode levar a vícios como Aerofagia (Engolir Ar), Coprofagia (Come suas Fezes), agressividade, etc.

Sendo um animal gregário, que vivem em grupos, é essencial que interaja livre com outros eqüinos preservando seus hábitos naturais o que favorece em muito o seu BEM ESTAR.

Roger Clark
Médico Veterinário CRMV-SC 3764

COMPORTAMENTO ANIMAL
Para melhor compreendemos esse tema, precisamos conhecer um pouco sobre ETOLOGIA. Mas afinal, o que é etologia?
Seus fundadores foram dois pesquisadores, Konrad Lorenz (Austríaco) e Nikofaas Tinbergen (Reino Unido), ambos ornitólogos que receberam o premio Nobel de 1973 pelo trabalho sobre comportamento animal.
Portanto, ETOLOGIA é o estudo do comportamento animal.

Podemos afirmar que este estudo sobre comportamento dos animais, já era observado por Charles Darwin que dedicou um capitulo de seu livro “A Origem das Espécies” em sua primeira edição em 1859.

Podemos entender que é a forma como um animal reage ao ambiente que o cerca e suas condições fisiológicas.
No ambiente inclui-se as plantas, outros animais, elementos como a luz, o som, o contato com o homem, entre outros.
Todos os tipos de comportamento animal, simples ou complexos, são resultado da resposta a um estimulo.
O estimulo é uma mudança em algum aspecto do ambiente ou uma mudança fisiológica.
O comportamento de um animal é limitado por sua estrutura física, especialmente o nível de desenvolvimento de seu sistema nervoso e dos órgãos dos sentidos.
Dependendo dos órgãos dos sentidos que possuem, ele pode reagir a temperatura, a luz, ao toque, ao paladar, ao cheiro e ao som.
O comportamento tem um papel fundamental nas adaptações das funções biológicas.
O estudo do comportamento animal não é um importante campo cientifico apenas por si próprio, mas, também por ter feito importantes contribuições para o comportamento humano.

Médico Veterinário CRMV-SC 3764

sábado, 28 de fevereiro de 2015



A pergunta feita na publicação anterior (veja em www.clarkveterinario.blogspot.com) foi: Como se deu essa relação homem / cavalo?

Todos nós amantes do cavalo, sabemos o quanto é fascinante lidar com esses nobres seres criados por Deus.

Essa relação é fantástica e podemos exemplificá-las com a figura mitológica do CENTAURO metade homem, metade cavalo.
Na mitologia grega, a parte inferior (cavalo) era responsável pela força física, brutalidade e impulsos sexuais. Já a parte humana era mais racional, com capacidade de raciocinar e refletir
Portanto, eram seres que representavam conflitos típicos dos seres humanos: Razão, Emoção e Violência.

O cavalo existe a 55 milhões de anos. O gênero mais antigo é o Eohippus que não passava de 90 cm de altura e possuía dedos nos locomotores.
A cerca de 3 milhões de anos surgiu a espécie Equus, ancestral do cavalo atual.
Uma das mais importantes características do cavalo e que permitiu o sucesso de seu relacionamento com o homem – é ele precisa de um líder.
Sua capacidade, e mesmo vontade, de transferir lealdade determinou o reconhecimento do humano no lugar de outro eqüino como guia.
Desta forma andaram juntos, homem e cavalo, rumo ao desenvolvimento das sociedades.
No século 18 e 19 o poder eqüestre de uma nação era decisivo, “O papel mais importante de um cavalo numa batalha era fazer parte da cavalaria de frente levando verdadeiro pânico quando atacando o inimigo com milhares de cavaleiros”.

O esporte com cavalos é muito antigo e a corrida foi a primeira competição eqüestre, 644 A.C. (Antes de Cristo).

O poeta grego Homero descreveu na Ilíada, as regras da competição dizendo que o premio seria uma mulher, “versadas nas prendas domesticas”. Depois vieram o Polo (de origem oriental), as Justas (imitando as guerras), o Enduro (simulando as grandes cavalgadas) e muitas outras modalidades hípicas praticadas em todos os países.


Em fim, uma relação homem/cavalo deve ser baseada em companheirismo, cumplicidade e amizade.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

LAMINITE/AGUAMENTO

A Laminite (também conhecida por Aguamento) é uma doença com efeitos potencialmente devastadores que afeta os cascos do cavalo. Neste artigo descrevem-se os tecidos do casco implicados na laminite, explicam-se alguns dos mecanismos causativos da doença, sinais clínicos, diagnóstico e cuidados a ter, bem como os métodos de tratamento mais usados correntemente.

O nome da doença provem dos tecidos afetados que são as estruturas laminares submurais do casco, também conhecidas por lamelas ou lâminas. O casco é constituído por uma cápsula rígida de tecido córneo, em cujo interior se encontra o osso da falange distal e respectiva articulação com a falange média (Fig.1).

Trata-se de uma estrutura altamente especializada com a função de suporte e apoio de cada um dos membros, que conjuntamente suportam todo o peso do animal. Estima-se que os membros anteriores (mãos) suportam cerca de 60% do peso do cavalo, sendo os restantes 40% suportados pelos posteriores (pés).
Isto significa que no caso de um cavalo de 500 kg cada mão suporta uma força de cerca de 150 kg.

Fig. 1: Fotografia de uma secção sagital do casco de um cavalo normal ilustrando a falange distal (FD), falange média (FM), articulação interfalangeana distal (AID) e parede interna do casco (PIC).

A superfície da falange distal é aderida à porção interna do casco através deste tecido conjuntivo especializado que é o tecido laminar (Fig.2).O Tecido laminar é constituído por duas camadas principais: as lamelas epidérmicas (camada externa) e as lamelas dérmicas (camada interna). De modo a aumentar a superfície de adesão entre estas estruturas, o tecido laminar está disposto numa forma sinuosa sendo constituído por lamelas primárias e lamelas secundárias. A disposição da arquitetura do tecido laminar pode ser verificada quando este é analisado ao microscópio (Fig.3).


Fig.2: Fotografia de um casco de um cavalo normal ilustrando a interface do tecido laminar (TL) entre a superfície de falange distal (FD) e a parede interna do casco (PIC).


Fig.3: Fotografia de uma imagem microscópica do tecido laminar ilustrando a disposição sinuosa das lamelas dérmicas aderidas às lamelas epidérmicas, com respectivas lamelas primárias e lamelas secundárias.

A laminite é uma doença que resulta na inflamação dos tecidos laminares. Uma das conseqüências do processo inflamatório é a perda de função das estruturas afetadas. De fato, o que acontece num caso de laminite é a diminuição da adesão entre a parede interna do casco e a falange distal.

As forças do peso do cavalo são transmitidas através da falange distal até a interface do tecido laminar, resultando na rotura e separação das lamelas. O que acontece na prática é que a falange distal separa-se da parede do casco exercendo pressão sobre a sola.

Nestas situações diz-se que a falange distal sofreu “rotação” ou que “afundou”, conforme o grau de separação (Fig.4 e caixa: Exame Radiográfico).


Fig.4: Fotografia de uma secção sagital do casco de um cavalo afetado com laminite ilustrando a rotação da falange distal (FD) causada pela rotura do tecido laminar (TL) com conseqüente separação entre a falange distal e a parede do casco (PIC).
Note-se a concavidade (seta amarela) na sola causada pela pressão exercida pela falange distal (estas anomalias são evidenciadas ao comparar esta imagem com a Fig.1).

Este processo é extremamente doloroso para o cavalo uma vez que ele tem necessidade de continuamente apoiar o peso do seu corpo nos cascos. A única forma que o cavalo tem de aliviar as forças de tensão exercidas no casco durante o processo da laminite é deitar-se no boxe. No entanto o que freqüentemente acontece é que estes animais normalmente hesitam em deitar-se porque sabem que o ato de se deitarem e principalmente levantarem, vai ser demasiado doloroso.

Posto isto, os sinais clínicos num cavalo com laminite são uma claudicação severa e bilateral (ie: que afeta os dois membros) na maioria dos casos ou em alguns casos quadrilateral (ie: que afeta os quatros membros). O cavalo hesita em mover se e tende a alternar o apoio do seu peso de uma mão para a outra. Quando forçado a deslocar-se, o cavalo tende a inclinar o peso do seu corpo sobre os posteriores, tentando apoiar-se apenas na porção dos talões das mãos (Fig.5).



Fig.5: Fotografia de um cavalo com laminite ilustrando a postura e andamento típico desta doença.

O exame clínico revela ainda um pulso digital forte e calor na parede do casco e banda coronária. Quando o casco é testado com uma pinça de cascos o cavalo apresenta dor na região das pinças e à frente do vértice das ranilhas (Fig.6).

As maiorias dos casos de laminite estão associadas com fatores nutricionais, estados de hipovolémia, infecções e traumatismo do casco. Apesar do enorme progresso verificado no estudo desta doença nas duas últimas décadas o mecanismo exato de como a laminite ocorre nos cavalos não é ainda completamente compreendido nos dias de hoje.

Vários investigadores têm hipóteses formuladas sobre o mecanismo de ação de como ocorre à doença; no entanto há ainda questões importantes que restam por resolver.

Uma das causas mais freqüentemente reconhecidas é o excesso repentino de hidratos de carbono (glúteos ou açucares) na dieta; na ração ou concentrado ou sob a forma de erva na pastagem.
Cavalos obesos estão mais predispostos a sofrerem de laminite e apresentam um laminar, podendo levar à rotura das lamelas desencadeando o processo de laminite.



EXAME RADIOGRÁFICO

O exame radiográfico do casco é um teste de diagnóstico bastante útil em cavalos com laminite pois permite visualizar a posição da falange Fig. 6: Fotografia de um casco ilustrando a região da sola onde normalmente um cavalo com laminite apresenta um elevado grau de dor (cruzes vermelhas).

Qualquer doença sistêmica que cause stress e debilitação pode resultar no particularmente no caso de animais obesos ou que tenham sofrido episódios prévios de laminite.

A laminite é também uma seqüela freqüente em animais afetados com doença de Cushings (http://www.equisport.pt/).

O diagnóstico da laminite é obtido com base nos sinais clínicos típicos da doença, podendo ser complementado com o exame radiográfico dos cascos (Ver caixa: Exame Radiográfico).

distal dentro do casco. Deste modo é possível determinar se ocorreu rotação ou afundamento da falange distal, o que obviamente vai influenciar o tratamento e prognóstico da doença.


Radiografia A.
Cavalo normal: Note-se que a superfície externa da falange distal é paralela à superfície da parede do casco ao longo de todo o comprimento.

Radiografia B.
Cavalo com laminite: Devido à rotura do tecido laminar, a falange distal separouse da parede do casco e sofreu rotação. Isto é evidenciado radiograficamente ao verificar-se um grau de divergência entre a parede do casco e a superfície da falange distal, que deixaram de ser paralelas.

Uma regra geral que qualquer pessoa que lida com cavalos deve ter em conta é a seguinte:


SE UM CAVALO OU PONEI APARENTA TER LAMINITE DEVE SER ASSUMIDO QUE SE TRATA DE FATO DE UMA LAMINITE ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO

Outra causa freqüente é o traumatismo do casco. Isto pode ocorrer por dois modos: concussão repetitiva por trabalho excessivo, principalmente em superfícies duras e com ferração inadequada; ou por excesso de apoio de peso quando o cavalo apresenta uma claudicação severa em que não apóia um dos membros e conseqüentemente tem de apoiar o peso do seu corpo nos restantes três membros.

Isto vai sobrecarregar os cascos, principalmente das mãos, com resultante excesso de tensão no tecido um cavalo possa ter uma laminite, devem ser instigadas com o máximo de urgência todas as medidas de “pronto-socorro” até que o Médico Veterinário tenha oportunidade de examinar o cavalo.

A laminite deve ser considerada uma emergência médica. Esta doença pode ter efeitos potencialmente devastadores, uma vez que num estado avançado o grau de destruição do casco e conseqüente grau de dor podem levar a que a eutanásia seja a única opção para aliviar o sofrimento do animal. Posto isto, o objetivo principal ao lidar com esta doença deverá ser evitar a progressão para um estado avançado, tentando minimizar o grau de destruição dos tecidos laminares afetado. Ao longo dos anos têm sido aplicados variadíssimos tipos de tratamentos a cavalos

TRATAMENTO DE SUPORTE FÍSICO DO CASCO


O tratamento de suporte físico do casco tem por objetivo reduzir ou neutralizar as forcas de tensão exercida no tecido laminar e que ultimamente conduzem à separação das lamelas dérmicas e epidérmicas. Estas forças são causadas pelo peso do cavalo, através do seu esqueleto, e culminam na separação entre a falange distal e a parede do casco. Cada vez que um cavalo com laminite dá um passo, ocorre tensão nas lamelas. Isto não só causa dor, mas principalmente promove separação das lamelas. Por esta razão, a principal medida a tomar perante um caso agudo de laminite é minimizar o exercício; o cavalo deve ser mantido num boxe e receber descanso absoluto. Igualmente importante é a superfície na qual o cavalo apóia o casco. Na maior parte dos casos, a palma do casco é uma superfície côncava. Isto implica que numa superfície firme (ie: tijolos ou cimento), a única parte do casco que se apóia no solo é a parede do casco. Por outro lado, numa superfície mole e moldável, tipo areia ou terra fina, toda a totalidade da superfície da sola, incluindo a ranilha, suporta peso, distribuindo deste modo as forças do peso do cavalo por uma área de superfície maior, diminuindo assim a força por unidade de superfície.

Quando um cavalo com laminite tem de se apoiar numa superfície firme, as forcas de tensão entre as lamelas são bastante elevadas uma vez que não existe qualquer apoio na superfície da palma a neutralizar as forcas de tensão.

Numa superfície mole, o apoio do peso na palma e ranilha contribuem para suportar parte da força do peso do cavalo diminuindo consideravelmente as forças de tensão entre as lamelas. Posto isto, a superfície ideal para repousar um cavalo com laminite é areia fina. No entanto, na prática, esta solução não é fácil de obter. Contudo, em situações que o cavalo está entabulado perto de uma praia ou outra fonte de areia, esta opção deve ser considerada. Terra fina e mole pode ser uma opção mais viável em certos casos. Em terceiro lugar por ordem de preferência, mas o mais usado correntemente são as camas com aparas de madeira. Estas devem cobrir toda a área do boxe e a cama deve ter uma espessura razoável de modo a evitar espaços que possam expor o solo do boxe.


Fig. 7 A: Placa de esferovite antes de ser aplicada ao casco com fita adesiva,


B: Produto final após aplicação.

Outro método diferente utilizado para aliviar o apoio do peso na parede do casco e transferir as forças de tensão para a palma e ranilha consiste na aplicação de placas de 5 esferovite especializadas para este efeito (Fig. 7).

Também existem vários tipos de ferraduras ortopédicas para o mesmo efeito. Desde o advento de materiais sintéticos e acrílicos para reparação da parede e palma do casco, estes produtos têm sido utilizados conjuntamente com ferraduras ortopédicas com bastante sucesso em casos de laminite (Fig. 8 e 9). Uma vez que a aplicação dos cravos para fixar as ferraduras pode ser um processo doloroso num cavalo com laminite aguda, a preferência do autor é utilizar ferraduras ortopédicas apenas na fase de recuperação da laminite em que o cavalo se apresenta relativamente mais confortável. Contudo, técnicas modernas permitem a aplicação de ferraduras ortopédicas com colas ou resinas especializadas, evitando a necessidade de ter de martelar cravos, o que permite que as ferraduras possam ser usadas numa fase bastante mais precoce.


Ferradura ortopédica freqüentemente usada em cavalos com laminite.

TRATAMENTO MÉDICO
O tratamento médico deve ser instituído pelo Médico Veterinário com o máximo de brevidade e deve acompanhar o tratamento de suporte físico do casco. Muitos tipos de medicamentos têm sido recomendados para o tratamento de laminite. No entanto, o único tipo de medicamento cuja eficácia está cientificamente comprovada são os antiinflamatórios não-esteroides, dos quais a fenilbutazona e mais recentemente a suxibuzona sejam talvez os mais utilizados.

A laminite é uma doença que resulta num processo inflamatório e como tal a administração de antiinflamatórios ajuda a reduzir os efeitos da doença. Além disso, os agentes antiinflamatórios não-esteroidestêm vários efeitos sistêmicos,
Fig. 8 A: A aplicação de material acrílico (Equi-Pak) para suportar a ranilha e porção posterior da sola num cavalo com laminite.


B: Produto final. nomeadamente na neutralização de toxinas, e ação analgésica (diminuição da dor). A eliminação da dor num cavalo com laminite é um aspecto bastante importante, não só do ponto de vista humanitário, mas também porque diminui o stress e ajuda o animal a relaxar, o que é essencial para reduzir a tensão nas lamelas e recuperação dos tecidos afetados.

Uma das hipóteses consideradas para o mecanismo de ação da laminite é que ocorre constrição dos vasos sanguíneos que irrigam o casco. Os tecidos laminares, que 6 são extremamente sensíveis à depleção de nutrientes e oxigênio, são facilmente afetados e entram em degenerescência resultando no processo de laminite. Por esta razão muitos autores recomendam a aí permanecer até ser examinado pelo Médico Veterinário que poderá confirmar o diagnóstico e instigar o tratamento adequado. HC administração de produtos vasodilatadores. Estes agentes dilatam a parede dos vasos sanguíneos prevenindo assim a constrição; no entanto a sua eficácia nos casos de laminite não está ainda completamente comprovada. Um dos agentes vasodilatadores comumente utilizados é a acepromazina que também tem efeitos tranqüilizantes, pelo que os cavalos tendem a parecer meio a dormir. Este efeito secundário não é indesejável uma vez que também ajuda os animais a relaxar e a permanecerem quietos e sossegados, reduzindo a tensão nas lamelas do casco. Pela mesma razão, é bastante favorável que o cavalo passe tempo deitado no boxe, pois este é o único método que permite ao animal aliviar totalmente o apoio do peso nos cascos.

PROGNÓSTICO
O prognóstico em qualquer caso de laminite dever ser sempre considerado reservado, pelo menos na fase aguda da doença. Fatores que afetam o prognóstico incluem, entre outros, a condição física do cavalo, animais gordos ou com excesso de peso apresentam pior prognóstico; raça, pôneis apresentam um prognóstico mais favorável em comparação com raças maiores; duração da doença, quanto mais tempo o cavalo estiver afetado no estado crônico pior o prognóstico.

CONCLUSÃO
Se um cavalo aparenta ter laminite este deve ser transportado para um boxe ou espaço com uma superfície mole e aí ermanecer até ser examinado pelo Médico Veterinário que poderá confirmar o diagnóstico e instigar o tratamento adequado.